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Entrevista exclusiva ao Portal Energia e Biogás, Massimo Cavalli (Biotecnogas)

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Em uma entrevista exclusiva ao Portal Energia e Biogás, Massimo Cavalli – responsável pela empresa Biotecnogas – apresenta um breve histórico sobre a atuação da empresa no Brasil. Destaca as soluções na área do biogás, relata alguns dos desafios para atuar com biogás de aterros sanitários e apresenta as perspectivas e tendências no mercado brasileiro. Confira esse super bate-papo com Massimo Cavalli.

Biogás Business Brasil

A Série tem por objetivo oportunizar um espaço para apresentar empresas e empreendedores que se destacam com soluções para o mercado de digestão anaeróbia, produção de biogás e biometano.

Novo episódio: BIOTECNOGAS

Foto: Massimo Cavalli - Biotecnogas: Divulgação/ Biotecnogas

Com sede administrativa em Milão e sede operacional em Assago, na Itália, a Biotecnogas destaca-se como um importante player internacional no setor do biogás, oferecendo soluções e consultorias para a estimativa da produção de biogás, projetos de plantas de biogás, sistemas de supervisão para atividades de gerenciamento, manutenção e controle remoto das plantas, além de Projetos MDL. No Brasil, a Biotecnogas possui um histórico sólido e uma presença marcante, atendendo com excelência a uma variedade de clientes.

Confira a seguir a entrevista com Massimo Cavalli.

Portal Energia e Biogás: Para os nossos leitores que ainda não conhecem a Biotecnogas, poderia contar um pouco sobre como a empresa se originou e qual é a sua história no mercado de energias renováveis, especificamente no setor de biogás?

Massimo Cavalli: BIOTECNOGAS s.r.l. é uma empresa fundada em 2002, que atua no setor ambiental com o objetivo de fornecer soluções com utilização do biogás para geração de energia renovável a partir de resíduos sólidos, líquidos e de biomassa. Contamos com mais de 200 usinas fornecidas em todo o mundo e mais de 35 no Brasil, no segmento de geração de energia a partir do biogás de aterros sanitários. Começamos na Itália, Espanha e Portugal, e posteriormente internacionalizamos as operacionais em várias regiões do mundo, por exemplo nas Filipinas, na Tanzânia e na América do Sul (Argentina, Brasil, Equador e Chile).

Portal: Quando a empresa começou a atuar no mercado de biogás no Brasil e quais foram os principais marcos nesse percurso? 

Massimo Cavalli: A Biotecnogas iniciou suas atividades no Brasil em 2005, realizando alguns dos primeiros projetos de extração de biogás de aterros sanitários do país, visando a redução de emissões e cumprindo as metodologias previstas nos mecanismos flexíveis do Protocolo de Quioto. Até 2023, as dezenas de plantas fornecidas pela Biotecnogas que foram registradas na UNFCCC representam mais de 25 milhões de toneladas de CO2 de redução de emissões para a atmosfera – o equivalente a uma área de 1.500 estádios de futebol de replantio de árvores ou 10x a área do Parque do Ibirapuera.

Foto: Divulgação/ Biotecnogas

Portal: Quais são os principais desafios que a Biotecnogas enfrentou ao entrar no mercado brasileiro de biogás e como eles foram superados? 

Massimo Cavalli: Certamente a falta de dados relativos aos resíduos depositados em aterros e a dificuldade de encontrar alguns materiais para a construção das usinas. A Biotecnogas superou esses problemas com a experiência adquirida em outros países, tendo também a experiência de diversos profissionais com mais de 30 anos de experiência no segmento.

Portal: Como a empresa enxerga o crescimento do mercado brasileiro de biogás e biometano nos últimos anos e quais são os fatores impulsionadores desse crescimento? 

Massimo Cavalli: Desde 2006, a Biotecnogas construiu mais de 35 usinas de extração de biogás no Brasil, onde as primeiras usinas foram construídas para obtenção de Créditos de Carbono. Em seguida, a partir de 2013, as usinas construídas tiveram como finalidade a geração de biogás para usinas de energia elétrica. Nos últimos anos, foram construídas usinas para alimentar sistemas de tratamento para a produção de biometano. A Biotecnogas atua no projeto destas plantas para a produção de biometano, que requerem uma gestão diferenciada do campo de biogás.

Portal: Quais são as perspectivas da Biotecnogas para o mercado brasileiro de biogás nos próximos anos? Existem planos de expansão ou novos projetos em vista? 

Massimo Cavalli: A Biotecnogas está atualmente construindo três novas centrais de extração, tratamento e combustão de biogás, duas das quais irão alimentar centrais de biometano e uma irá alimentar motores para produzir energia elétrica. Estamos também trabalhando no desenvolvimento de cinco novos projetos, que passam pela definição da rede de captação de biogás, com vista a otimizar a percentagem de metano extraído, mas avaliando cuidadosamente a estabilidade dos aterros, tentando extrair todo o biogás produzido pelo aterro sanitário.

Portal: Pode nos falar sobre os esforços da Biotecnogas no treinamento e capacitação de profissionais para atuarem na indústria de biogás no Brasil? 

Massimo Cavalli: A Biotecnogas realiza suas atividades de serviços e instalação de plantas no Brasil utilizando funcionários italianos, mas também temos empresas parceiras para montagem e start-up das plantas. Os técnicos italianos passaram por formação intercultural e ensino da língua portuguesa para garantir o melhor relacionamento com os técnicos dos nossos clientes. Durante a montagem e start-up dos sistemas, são realizados cursos para a equipe de operação das usinas, visando seu ajuste e manutenção de forma autônoma. Auxiliamos por algumas vezes inclusive a CETESB em cursos sobre temas de biogás, dos quais participaram operadores de aterros sanitários de todo o Brasil.

Foto: Divulgação/ Biotecnogas

Portal: Como a empresa enxerga a geopolítica dos biocombustíveis, especialmente no contexto brasileiro? Quais são os desafios e oportunidades para o biogás e o biometano?

Massimo Cavalli: Certamente nos próximos anos haverá um incremento  da oferta de biocombustíveis em relação aos combustíveis fósseis, trazendo excelentes oportunidades para o mercado de biogás. No entanto, questões de ordem regulatória, política, preço dos combustíveis, incluindo Gás Natural/Biometano, e custo energia dificultam a entender qual será a rota tecnológica para os usos finais do biogás gerado.

Portal: Qual é o potencial do Brasil no que diz respeito à produção e uso de biogás e biometano de aterros sanitários, considerando as características do país e seus recursos naturais? 

Massimo Cavalli: O potencial é bastante promissor, praticamente todo o conjunto de aterros sanitários privados é consciente do potencial de uso do biogás produzido.

Portal: Quais são os principais tipos de projetos ou soluções que a Biotecnogas oferece para o mercado de biogás no Brasil? 

Massimo Cavalli: A Biotecnogas fornece soluções e implementa projetos para aumentar a eficiência de coleta do biogás produzido em aterros, além de projetar e construir usinas de combustão e aproveitamento do biogás para produção de energia elétrica através de geradores e biometano através de processos de upgrading.


Portal: Como a empresa aborda a questão da sustentabilidade em seus projetos de biogás e quais são os benefícios ambientais associados a essas soluções? 

Massimo Cavalli: O benefício ambiental é dado pela redução das emissões de CO2 na atmosfera através da captação do biogás produzido pela fermentação dos resíduos, os quais são registrados e garantidos pelas auditorias periódicas para atendimento à UNFCCC. A sustentabilidade é dada pela utilização deste biogás como recurso renovável, que disponibiliza eletricidade e biometano na forma de gás ou líquido.

Foto: Divulgação/ Portal Energia e Biogás

Portal: Quais são os setores ou indústrias que mais se beneficiam da tecnologia de biogás e biometano oferecida pela Biotecnogas no mercado brasileiro? 

Massimo Cavalli: Principalmente o setor dos aterros para coleta de resíduos orgânicos urbanos, mas também os diversos setores cuja aplicação de biodigestão é requerida, associadas aos setores industriais onde os resíduos do processo podem ser aproveitados para a produção de biogás.

Portal: Como a empresa lida com as regulamentações e políticas governamentais relacionadas ao setor de biogás no Brasil? 

Massimo Cavalli: Ao contrário do mercado europeu, que é já bem consolidado e claro em relação às normativas e regulações, o mercado brasileiro ainda está em fase de adaptação e implementação de regras, principalmente para o novo mercado de biometano. Do ponto de vista normativo, a Biotecnogas segue todos os requerimentos técnicos, utilizando as melhores práticas encontradas em todos os continentes onde existem nossas plantas.

Portal: Quais são os principais parceiros ou colaboradores da Biotecnogas em seus projetos relacionados ao biogás? 

Massimo Cavalli: A Biotecnogas colabora há mais de dez anos com a empresa AB Energy do Brasil na construção de usinas de geração de energia que utilizam biogás, além de upgrading de biogás em biometano. Ao longo desses anos, dezenas de usinas foram construídas em parceria com a AB Energy em diversas regiões do Brasil. Atualmente, a AB Energy possui mais de 100 motores instalados, com capacidade de geração de mais de 145 MW de demanda elétrica.

Foto: Divulgação/ Portal Energia e Biogás

Portal: Pode compartilhar exemplos de casos de sucesso ou projetos emblemáticos da empresa no mercado brasileiro de biogás?

Massimo Cavalli: Sim, Vou destacar alguns dos nossos cases:

    • CAIEIRAS - SP: A Biotecnogas participou do projeto Caieiras, que acredito ser um dos maiores do mundo que utiliza biogás de aterro para alimentar geradores de energia elétrica. A planta tem capacidade de 29,5 MW e a Biotecnogas realizou a parte de tratamento, compressão e distribuição do biogás dos 21 motores de 1,4 MW instalados. Todos os dados de operação da planta são gerenciados pelo sistema de supervisão da Biotecnogas e utilizados pelo cliente para Créditos de Carbono.
    • SEROPEDICA - RJ: A Biotecnogas realizou o estudo de avaliação do potencial do biogás e todo o projeto da rede de transporte de biogás e da planta de extração de biogás. Forneceu os materiais necessários a parte da rede de transporte de biogás e a todo o sistema de aspiração, compressão e combustão do biogás. Atualmente, a planta de extração de biogás alimenta uma planta de biometano e seis geradores de 1,4 MW.
    • NOVA IGUACU - RJ: A Biotecnogas realizou o estudo para avaliação do potencial do biogás e todo o projeto da rede de transporte de biogás e da planta de extração de biogás. Forneceu os materiais necessários para o sistema de sucção, compressão e combustão do biogás. Atualmente a planta de extração de biogás, dezesseis geradores de 1,4 MW
    • PAULÍNIA - SP: A Biotecnogas realizou o estudo do potencial do aterro e o dimensionamento da rede de transporte de biogás. Forneceu os materiais para a planta de extração, tratamento e combustão de biogás, dimensionada para vazão de 30 mil m³/h.

Portal: Para finalizar, como está o cenário atual no Brasil para investimentos em negócios baseados em sistemas anaeróbios para produção de biometano? É um momento favorável para empreender nesse setor no Brasil? 

Massimo Cavalli: O cenário brasileiro está bastante promissor para investimentos neste sentido. As tecnologias disponíveis no mercado estão cada vez mais consolidadas, com equipamentos que podem garantir excelentes eficiências e resultados para as empresas que planejam investir nesse mercado. Além disso, o cenário atual de baixo custo de energia e algo preço do gás natural torna ainda mais viáveis os projetos para produção de biometano, que pode ser comercializado por um valor muito atrativo, seja para o produtor, quanto para o consumidor final. O mercado ainda está aprendendo sobre o “valor” do biometano, que envolve muito mais do que apenas o preço em que ele é vendido. Isso será ainda uma curva de aprendizagem, mas estou seguro de que estamos no caminho certo.

 

Fonte: https://energiaebiogas.com.br/entrevista-biotecnogas

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